Enormes filas de passageiros no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), uma passeata de 10 mil pessoas no centro do Rio de Janeiro, estradas bloqueadas na Bahia, emissão de passaportes praticamente parada em muitas delegacias da Polícia Federal, agentes da PF carregando caixões e coroas de flores – simbolizando o enterro da própria categoria – nas ruas de Belo Horizonte. Esses foram alguns dos cenários marcantes da greve dos servidores federais que viveu na quinta-feira, 9, outro dia quente.
Funcionários da Polícia Federal, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, do Ministério da Agricultura e de universidades, entre outros, pedem basicamente, em seus protestos, aumentos salariais e reestruturação de carreiras.
Depois de um dia marcado por filas e irritação, a situação em Cumbica, por volta de 20 horas de quinta-feira, 9, era confusa – e não tinha hora para melhorar. Nas filas para embarque internacional, às 19 horas, apertavam-se mais de 500 pessoas, na maioria passageiros com destino à Europa. A partir das 17 horas, todos os voos saíram com atraso mínimo de 40 minutos. “Pesadelo, pesadelo”, desabafou o americano Matthew Jones, aflito e já com duas horas de fila, aguardando voo para o Chile.
A confusão foi gerada por um reforço no efetivo – havia 250 agentes fiscalizando, ao invés dos 130 habituais -, e as bagagens eram monitoradas com maior cuidado. “No dia a dia essa fiscalização é feita por amostragem porque não há pessoal suficiente. Queremos mostrar o quanto nosso trabalho poderia ser mais eficiente em situações como essas, que poderíamos deter muito mais pessoas cometendo infrações”, disse o presidente do Sindicato da Polícia Federal de São Paulo, Alexandre Sally. Para o sindicato, o ideal seria triplicar o efetivo do aeroporto.Passeata. No resto do País, aeroportos e estradas viveram horas de tensão. No Rio, uma passeata de servidores entre a Candelária e a Cinelândia, às 11 horas, cobrou do governo que reserve dinheiro para seu reajuste salarial, no Orçamento de 2013. No final, um grupo queimou um boneco em protesto contra um sindicato que fez acordo com o Ministério da Educação.
Na Bahia, a situação ficou ontem mais tensa que na véspera: a Polícia Rodoviária ampliou sua operação-padrão, causando congestionamentos entre 5 e 10 quilômetros na BR-324 (Salvador-Feira de Santana), na BR-242 (no oeste do Estado) e na BR-116, perto da capital. Atraso nos voos ocorreu também em Curitiba, Porto Alegre e Recife. Em Foz do Iguaçu, uma fila de mais de 100 caminhões se estendia na área da fronteira.
Fonte: O Estado de S.Paulo