PF apura contabilidade da chapa Dilma-Temer

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A Polícia Federal pediu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o compartilhamento de provas para a abertura de uma investigação criminal sobre a movimentação financeira da chapa Dilma-Temer em 2014. Os investigadores apontam indícios de lavagem de dinheiro em repasses feitos por gráficas contratadas pela coligação vitoriosa nas eleições presidenciais, que tinha PT e PMDB como principais aliados.

As informações constam de relatório enviado pela PF à corte para instruir ação de investigação judicial eleitoral que apura se houve desvio de recursos e abuso de poder econômico na campanha pela reeleição – o que, se comprovado, pode resultar na cassação da chapa. O documento traz o resultado de quebras de sigilo e ações de busca e apreensão nas fornecedoras de serviços gráficos.

Conforme a PF, a campanha Dilma-Temer transferiu para terceiros, inclusive “laranjas”, recursos que serviram para “enriquecimento sem causa”, mas que, oficialmente, foram declarados como gastos com serviços de campanha.

Segundo o relatório, subscrito pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, há indícios de fatos com “repercussão na esfera criminal”, já que a investigação indica que “pessoas interpostas” foram usadas para “ocultar ou dissimular a natureza, origem, disposição, localização ou propriedade de bens e valores”.

— Para aprofundamento, necessário que Vossa Excelência autorize o compartilhamento de tudo o que foi produzido (na ação eleitoral) para investigação em sede policial.

O pedido foi feito ao ministro Herman Benjamin, relator da ação no TSE, cuja assessoria não informou nesta terça-feira (24) se o envio do material à PF foi autorizado.

Subcontratadas

Segundo o relatório, a chapa destinou recursos às gráficas VTPB, Focal e Rede Seg. Elas subcontrataram empresas que não tinham funcionários ou estrutura física, não funcionavam nos endereços declarados ou nem sequer tinham atividade relacionada com o serviço informado.

O documento diz, por exemplo, que a Focal recebeu R$ 23 milhões dos diretórios do PT e do PMDB. A empresa está em nome de Carlos Roberto Cortegoso, ex-garçom de São Bernardo do Campo, que ascendeu financeiramente como empresário e colaborador de campanhas petistas.

Os dois sócios de Cortegoso na Focal eram, segundo a PF, apenas “laranjas”. Um deles, Jonathan Basto, confirmou que figurava apenas formalmente como sócio da empresa, mas, na prática, era motorista do ex-garçom.

A VTPB, destinatária de R$ 26 milhões, subcontratou a NS Graf Acabamentos por R$ 250 mil. Esses recursos, no entanto, não foram declarados à Justiça Eleitoral. O sócio da NS afirmou à PF que a empresa só existia no papel. A NS está registrada no endereço de outra empresa, a Ourograf, cujo dono informou ter efetivamente prestado os serviços contratados, mediante demandas informais, mas não soube precisar em que quantidades.

Defesas

O advogado do presidente Michel Temer, Gustavo Guedes, reafirmou nesta terça-feira, que o peemedebista não foi responsável por nenhuma das contratações citadas na investigação. Disse que a Polícia Federal reforça o entendimento da defesa de que as irregularidades apontadas não deveriam ser objeto de apuração no TSE, mas de inquérito criminal.

— Essa discussão sobre lavagem (de dinheiro) tem de ser tratada no campo penal. São fatos estranhos à investigação eleitoral.

A reportagem não localizou a defesa da presidente cassada Dilma Rousseff até a conclusão desta reportagem. Carlos Roberto Cortegoso não quis comentar. Representantes da VTPB, Focal, Rede Seg, NS Graf e Ourograf não foram localizados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: R7

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