Nova etapa da operação apura pagamento de propina nas obras da Hidrelétrica de Belo Monte. Ex-senador Luiz Otávio Campos é um dos alvos.
A Polícia Federal cumpre na manhã desta quinta-feira (16/2) seis mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, Pará e Rio de Janeiro referentes a investigações da Lava Jato. Entre os alvos da operação estão os principais envolvidos no esquema de repasse de valores aos agentes políticos, que seriam, de acordo com a PF, Márcio Lobão, filho do senador Edison Lobão (PMDB-MA), e o ex-senador Luiz Otávio Campos, considerado por investigadores um apadrinhado político de Jáder Barbalho (PMDB-PA).
A nova etapa da operação apura pagamento de propina a dois partidos políticos (PT e PMDB), no percentual de 1%, sobre as obras civis da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, por parte das empresas integrantes do consórcio construtor (Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez).
Os nomes de Márcio Lobão e de Luiz Otávio Campos foram indicados na delação do executivo da Andrade Gutierrez Flávio Barra, que relatou pagamentos realizados pela empreiteira pelas obras da usina hidrelétrica de Belo Monte e também pela usina de Angra 3.
Segundo o ex-diretor da Andrade Gutierrez, integrante do consórcio construtor de Belo Monte, entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões foram repassados ao senador Edison Lobão (PMDB) pelas obras de Angra 3 e R$ 600 mil de Belo Monte. De acordo com o delator, o valor relacionado a Belo Monte foi entregue em espécie na casa de Márcio Lobão, filho do senador. Ainda em sua delação, o executivo disse que a propina em Belo Monte era de 0,5% para o PT e 0,5% para o PMDB – porcentual sobre o valor do contrato.
Organização criminosa
Os investigados, na medida de suas participações, poderão responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, relator da Lava Jato. As buscas desta quinta são feitas nas residências e escritórios de trabalho dos alvos, suspeitos de fazerem o repasse de valores aos políticos que estão na mira do inquérito.
No inquérito, são investigados, além de Lobão e Barbalho, os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO). Procuradoria-Geral da República e Polícia Federal investigam, neste inquérito, se foi feito pagamento de propina de 1% sobre o valor dos contratos assinados pelas obras de Belo Monte a partidos políticos envolvidos na liberação do projeto da hidrelétrica no Pará.
A suspeita é de que as empresas que integram o consórcio responsável pela obra fizeram o pagamento. Lobão é hoje o atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado, responsável por sabatinar o novo ministro do STF e também o futuro procurador-geral da República.
A nova etapa foi batizada de Leviatã, em referência ao filósofo político Thomas Hobbes, que afirmou que o “homem é o lobo do homem”, comparando o Estado a um ser humano artificial criado para sua própria defesa e proteção, pois se continuasse vivendo em Estado de Natureza, guiado apenas por seus instintos, não alcançaria a paz social.
Fonte: METROPOLES