Os brasileiros comuns costumam suar a camisa por cinco dias e meio. Folgam no sábado à tarde e no domingo. Esse tipo de jornada recebe o nome de ‘semana inglesa’. A Câmara acaba de institucionalizar a semana brasiliense de três dias. Já existia na prática. Mas agora foi inserida no regimento.
Os deputados passaram a dispor de amparo regimental para trabalhar de terças a quintas. Depois, voltam para os seus Estados, onde permanecem de sextas a segundas. A novidade foi aprovada em votação simbólica, sem que os beneficiários precisassem imprimir as digitais no painel eletrônico. Em protesto solitário, o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), levou os lábios ao trombone. Disse que a mudança oficializou a gazeta. Informou que apresentará um projeto para tentar desfazer o inacreditável. Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara, abespinhou-se com o colega. “O deputado Rubens Bueno deveria se informar sobre o funcionamento do Parlamento em outros países. O Legislativo brasileiro é um dos poucos que funciona cinco dias por semana durante o ano todo.” Repisou o lero-lero segundo o qual o trabalho dos deputados não se restringe ao plenário. Laboram também nos Estados, em contatos com as “bases”. A desculpa é antiga. Ao reinvocá-la, Maia como que expõe a debilidade dos serviços de comunicação do país. Os Correios e a telefonia não lograram substituir a contento as modalidades primitivas de contato interpessoal. Algo que condena os deputados a atuarem como estafetas de si mesmos. Bem verdade que já existe a internet. Mas, que diabos, o computador não aperta a mão, não abraça as “bases”. No futuro, a tecnologia talvez consiga desenvolver robôs teleguiados capazes de prover aos parlamentares o único privilégio de que ainda não dispõem: a onipresença. As máquinas ficariam em Brasília os sete dias da semana. Os deputados, nos Estados. Nada de vice-versa. Os robôs não saberiam corresponder ao afeto das “bases”. Fonte: Blog do jornalista Josias de Souza