Prima do doleiro Carlos Habib Chater, que foi um dos pivôs da Operação Lava Jato, a advogada brasiliense Cláudia Chater é suspeita de participar de uma quadrilha que teria lavado 5 bilhões de dólares em nome de um morto. O caso é investigado pela Polícia Federal no âmbito da Operação Perfídia, deflagrada ontem, e decorre da prisão do jordaniano Ismail Suleiman Hamdan Al Helalat em Brasília no ano passado. Após a prisão, foi feita uma ação de busca e apreensão no escritório de Cláudia, em dezembro. Ela teria ajudado o jordaniano na aquisição de documentos falsos.
Naquela ocasião, durante a operação de busca, a PF encontrou um contrato privado de transação de investimentos, redigido em inglês e datado de abril de 2016, referente a uma compra de moeda estrangeira. Nele, aparecem como partes a empresa Global Recreative Sistem – GRS C.A., com sede em Miranda, na Venezuela, representada por Maurício Araújo de Oliveira Souza, e a empresa compradora PASPX PLC, instituição financeira do tipo ebanking, com sede em Copenhague, na Dinamarca, representada por Johan Basse Bergqvist.
A operação resultou no repasse de 4,833 bilhões de dólares da GRS CA para a PASPX. O problema, conforme constatado pela PF, é que o representante legal da GRS CA, Maurício Araújo de Oliveira Souza, nascido em Campo Grande (MS), faleceu em 2013. O contrato, portanto, foi formalizado por um morto, num indício cristalino de fraude.
Dono do Posto da Torre em Brasília, Carlos Habib também é investigado na Operação Perfídia. Ele teria participado das movimentações financeiras da quadrilha. Cláudia é acusada de coordenar a falsificação de documentos, abrir empresas de fachada e movimentar recursos do grupo. Outras sete pessoas da família Chater são citadas no relatório da PF. Elas fariam parte do “núcleo duro” da organização criminosa.
Além desse grupo, a PF identificou um “Núcleo de Apoio”, que cuidava da aquisição de imóveis de grande valor com a utilização de “pessoas interpostas” e da abertura de empresas supostamente para lavar dinheiro. Há ainda um “Núcleo de Falsificadores”, que cuidava dos documentos falsos para dar apoio à quadrilha.
Fonte: Veja