A fragmentação da Polícia Federal interessa a quem?

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Por Nelson Vieira*  

Quando vão entender que o Departamento de Polícia Federal tem que ser uno e não divisível? Desde que ingressamos no Órgão, sempre existiram as camadas divisórias, apesar dos pesares (não confundir com hierarquia). Ainda assim a Polícia Federal vem conseguindo mostrar serviço. Ora gente! Ninguém pode se considerar mais ou menos inteligente. O mundo é uma roda viva, será que não perceberam o dinamismo das ações. Claro que sim, porém fazem vistas grossas. Os tempos são outros, chega de quererem manipular na “mão grande”. Êpa, aí.

Muitas transformações ocorreram de lá para cá e é natural. Dentre essas, destacamos a exigência de curso de formação relativo ao terceiro grau, o que significa uma maior filtragem e qualificação dos pretensos postulantes a cargos na Instituição. Hoje é fato consumado.Quando irão se conscientizar que o Departamento de Polícia Federal não pertence a uma só categoria, e que uma no conjunto da obra não é mais importante que a outra. Será que é possível assobiar e chupar cana ao mesmo tempo? Ou cobrar escanteio e correr para cabecear na tentativa de fazer gol. Sempre é preciso contar com a participação de outros segmentos para realização do trabalho. É mentira?

Outra coisa que deve mudar no âmbito do Departamento de Polícia, diz respeito à escolha de seus dirigentes. A oportunidade de direção deveria ser oportunizada a todas as categorias, de tempo em tempo, mediante eleição interna que reuniria candidatos com condições de exercer a função/cargo, obedecidas normas para tal, eliminando-se a princípio o famigerado QI. Cabendo ao Ministro da Justiça a tarefa de acatar a vontade dos servidores e levar a decisão à Presidência da República para ciência e providências cabíveis.

Sabe, é que entra Diretor Geral, sai Diretor Geral e a conversa é a mesma, com o Departamento de Polícia Federal patinando na esteira do desenvolvimento ou então fica remando contra a maré. Por vezes também fica a percorrer os corredores com o pires na mão. Não precisamos disso, sem falta modéstia. É patente o descaso, parece não existir vontade de buscar o melhor para a maioria (Agentes, Escrivães e Papiloscopistas), razão dos feitos da Polícia Federal, com largo reconhecimento da sociedade, sem que haja pressão.

É necessário mudanças, as quais já foram objetos de estudos (anteprojeto da Lei Orgânica) realizados através de comissão constituída por representantes dos servidores, os maiores interessados nos resultados entregues a quem de direito para as medidas pertinentes.  A partir daí, advieram entendimentos, postos em prática num primeiro momento.  Uma esperança de ver a casa arrumada, a olhos nus, com brevidade. Infelizmente não querem cumprir o acordado, num flagrante desrespeito para com os servidores, querendo empurrar por goela abaixo o que bem entendem. Já dissemos: Ninguém deve se intitular mais inteligente. Não subestimem a maioria.

Todos os integrantes do Departamento de Polícia Federal têm parcelas de contribuição na edificação e conseqüente manutenção do mesmo, portanto cônscios de suas obrigações e deveres.  O que não se admite nos dias atuais em pleno século XXI, uma minoria (no topo da pirâmide), que talvez parte dela nunca se expôs aos perigos da profissão, a campo, no lado prático da questão, atuando tão somente em gabinetes, se beneficiando sobre as conquistas daqueles que, deram e dão cumprimento seus deveres inerentes ao cargo, até alguns tiveram as vidas ceifadas, e achar que tudo podem.

Quem está dentro, tá dentro e pronto. Vamos prover os avanços necessários. Quem tem a perder? Puxa na dá para entender certas mentalidades. Se pensam que vai acontecer como desejam (engambelar), “podem tirar o cavalo da chuva”. São engraçados, eles não pensam no coletivo, são do tipo: “venha tudo ao nosso reino, ao vosso reino nada”. A FENAPEF está atenta, assim como os Sindicatos, e contam com o apoio total e irrestrito dos seus associados, para o que der e vier. O momento é de coesão, tendo a razão sempre a proa. Quem são em última palavra os desagregadores? Com a implantação de uma Lei Orgânica justa e equânime, nos moldes do estudo já elaborado pela comissão da qual a FENAPEF integrou, todos ganharão. Daí a pergunta: A fragmentação interessa a quem? 

* Nelson Vieira é Aposentado do DPF, ex-presidente da Assofederal-MS e ex-diretor executivo da ANSEF-MS. ([email protected]).

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