A Polícia Federal prendeu quatro universitários na manhã desta terça-feira (17). A PF também apura a participação dos estudantes em processos seletivos de instituições em Brasília e em Ouro Preto (MG), além do Enem em 2014.
Quatro universitários de medicina da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) são investigados pela Polícia Federal suspeitos de fraudar o último vestibular da instituição de ensino em 7 de novembro. A Superintendência da Polícia Federal de Goiânia também apura a participação dos estudantes em processos seletivos de instituições em Brasília e em Ouro Preto (MG), além das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2014. Eles foram presos preventivamente na manhã desta terça-feira (17/11) em casa. Policiais também cumpriram mandados de busca e apreensão nas residências dos jovens que têm entre 19 e 23 anos. Ainda não se sabe quanto eles recebiam para participar do esquema.
O delegado regional de combate ao crime organizado da Polícia Federal, Jocenildo Cavalcante de Carvalho, explicou que o grupo agia para ter acesso ao conteúdo das provas. Eles são alunos regulares do curso de medicina e se inscreviam para participar do certame com o próprio nome. Os envolvidos faziam as provas e saiam rapidamente para passar o conteúdo a outros membros da organização que transmitiam os dados aos beneficiados.
No último vestibular da PUC-GO os estudantes fizeram a avaliação como candidatos para os cursos de administração e zootecnia. “Durante o vestibular a equipe de fiscalização da PUC-GO identificou comportamento estranho de um deles que levou o recorte da prova. Isso burla o edital e levantou suspeita. A partir do levantamento da universidade, identificamos que além do candidato havia outros alunos de medicina tendo esse mesmo tipo de atitude”, esclareceu o investigador.
Operação
A operação denominada Gabarito, deflagrada na manhã desta terça-feira (17/11), teve o objetivo de desarticular a organização fraudulenta. Segundo o delegado, os envolvidos também participaram do Enem em 2014, mas não há como afirmar suspeita de fraude do processo nacional. Os presos foram encaminhados para a Superintendência da Polícia Federal de Goiás para depoimento. “Eles precisavam se inscrever para o vestibular e fazer as provas para ter acesso ao conteúdo, mas ficavam na sala durante o período mínimo necessário para poder sair com o conteúdo e repassar as questões para outras pessoas que faziam as transmissões”, ressaltou o delegado.
A Polícia Federal trabalha, agora, para identificar os beneficiários e as outras pessoas que faziam parte da organização fraudulenta. “Não há nenhum indício de funcionários das instituições envolvidos”, afirmou.
Os suspeitos vão responder por associação criminosa e fraude em processo seletivo de interesse público com dano a administração. Se condenados, podem pegar até oito anos de reclusão e ser penalizado com multa.
Penalidades
A vice-reitora da PUC-GO, Olga Ronchi, defendeu que a instituição detectou as suspeitas no dia da prova ainda durante o certame. “Imediatamente a universidade nomeou uma equipe que fez o cruzamento de dados com uso de tecnologias da informação e rapidamente chegamos indícios de que havia um grupo se associando para, provavelmente, tentar fraudar o processo em curso”, alegou.
Segundo a professora, até o momento não há necessidade de suspender ou cancelar o vestibular. “Vamos aguardar as investigações e se houver a comprovação da suspeita certamente a universidade tomará providências necessárias”, afirmou.
A vice-reitora ainda comentou que enquanto candidatos todos os quatro estudantes que fizeram as provas podem ser desclassificados, conforme previsto no edital. Como alunos de medicina, eles também podem ser penalizados. “Se ficar comprovada a participação deles na associação para fraude os envolvidos serão enquadrados no regimento geral da universidade, além de poderem responder por medidas disciplinares e admninistrativas. Mas vamos aguardar, primeiro, a confirmação dos depoimentos”, explicou.
Em nota, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disse não ter conhecimento de nenhuma fraude envolvendo o Enem. O órgão esclareceu que participou do processo de preparação, implantação e realização do certame em parceria com a Polícia Federal. “Os envolvidos em qualquer tentativa de irregularidade no Enem serão eliminados do exame a qualquer tempo, conforme prevê o edital”, informou a nota.
Fonte: Correio Braziliense